Subject:
[NABOKOV-L] [Sighting] Nabokov - through G.Shapiro's "The Sublime Artist's Studio"
From:
"jansymello" <jansy@aetern.us>
Date:
Mon, 27 Jul 2009 07:36:43 -0300
To:
"Vladimir Nabokov Forum" <NABOKV-L@LISTSERV.UCSB.EDU>

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090726/not_imp408359,0.php

Proust e Nabokov: pintura escrita [The translated title of Daniel Piza's article is "Proust and Nabokov: written painting"]

Livros analisam a presença e a importância das artes plásticas na obra dos dois gênios da palavra

Daniel Piza

Literatura e pintura sempre foram consanguíneas. Desde Dante, que fez dos círculos do inferno e paraíso uma série de afrescos como os de Giotto, até John Updike, que chegou a dizer que um bom ficcionista precisa saber desenhar, a ligação entre essas duas artes sempre foi forte.[...] Outro excelente livro sobre o tema, The Sublime Artist's Studio - Nabokov and Painting (Northwestern University Press), do crítico literário Gavriel Shapiro, acaba de ser lançado. Mas aqui não se trata de um catálogo, mas de um estudo sobre a história da pintura na literatura de Vladimir Nabokov (1899-1977), o autor de Lolita, Fogo Pálido e outros. Shapiro, também nascido na Rússia, é professor da Cornell University, nos EUA, onde Nabokov se radicou e deu aulas nos anos 40 e 50 [...] Não é por acaso que os dois autores estão entre os poucos do século 20 que realmente podem ser chamados de estilistas[...] Às vezes Proust, que cultivou uma linguagem preciosa sem ser preciosista (ao contrário de Nabokov, que abusa de efeitos afetados), não precisava de mais que um substantivo e um adjetivo para nos traduzir uma imagem [...] Nabokov, apesar de ser rotulado como pós-moderno por tantos analistas, gostava mesmo era dos grandes mestres. Como Proust, não tirava da tela interior Botticelli, El Greco, Rembrandt, Jan Van Eyck. Graviel Shapiro faz um paralelo entre ambos logo no segundo capítulo:"Proust emprega a arte não tanto para propósitos didáticos, mas sobretudo para partilhar uma impressão, para evocar uma associação (...). Assim, por exemplo, Proust demonstra a dúbia tentativa de Swann de introduzir Odette, sua amante filistina, inculta, mais tarde sua esposa, (...) ligando sua imagem à pintura florentina, particularmente a Botticelli." Nabokov, por sua vez, trabalha com referências e alusões em nome do que Shapiro chama de "presença autoral". Como Joyce, ele usa a pintura para falar da posição do autor, de sua relação com o mundo, e por isso sempre inclui a si mesmo na narrativa.
Shapiro também relaciona as remissões de Nabokov ao expressionismo alemão, de artistas como Grosz, Beckmann e Dix, tema do último capítulo [...]
 

[JM:
One comment I'd like to add to his article:
Shapiro compared Proust's use of Botticelli , in connection with Odette, to Nabokov's references to the florentine paintings ( Lolita is compared to SB's russet Venus, also in Ada he returns to Botticelli and even in his forthcoming book, Flora, we might find another reference to this particular mythological image). I hadn't realized that Nabokov's russet not only introduced the reader to Botticelli but, equally, to Proust's "Recherche" and Odette.]
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