I found the translation below in a blog ("Foleirices") and I traced it to "Poems and Problems," n.16, bearing the title "The Muse"  ("À la Muse") Berlin, 1929.
This is the first poem by Nabokov which I found in a Portuguese translation ( with the exception of "Pale Fire"). Until now I've only chanced to read them in English, French and Spanish.  
 


982 - Vladímir Nabókov - Poema de Vladímir Nabókov  (1899-1977) traduzido por Nina Guerra e Filipe Guerra

Lembro como vieste: um retinir crescente,
a emoção nova no mundo que desponta.
A lua, coada dos ramos, varre o alpendre.
Cai vagarosamente a lira de uma sombra.

Jovem, via o iambo como um vestido
demasiado áspero nos teus ombros ternos.
Mas era cantante o meu verso imperfeito,
sorrindo na rima de lábios vermelhos.

Era feliz. Na mesa extinguia-se o fogo
oscilante da vela, o sonho ia em frente
sob o vidro da mesa uma folha imortal
e rutilante nos seus raios de emendas.

Agora é diferente. Não trocava o sono
matinal pela estrela da madrugada.
Já escasseia o ânimo para tanto esforço,
sobretudo para os trabalhos da vaidade.

Sou experiente agora, avaro, intolerante.
Tem um brilho de cobre o meu verso polido.
Agora eu e tu raramente falamos,
através da cerca, como velhos vizinhos.

Sim a maturidade é rigorosamente
pitoresca: uma parra, uma pêra, meia melancia
e - o cúmulo da mestria - ar transparente.
Estou gelado. É outono, ó Musa fria.

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morreraler.blogspot.com/2008_07_01_archive.html - Outubro 2009 - FOLEIRICES
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